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31 de Março de 2023
Foto: Freepik
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado como um distúrbio do desenvolvimento neurológico, relacionado a dificuldades comportamentais, desenvolvimento da comunicação e socialização.
Lembrado no dia 2 de abril, o Dia Mundial da Conscientização do Autismo – criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) – chama a atenção para a disseminação de informações confiáveis e a inclusão das pessoas com TEA. Nesse sentido, o CEJAM esclarece alguns mitos e verdades sobre o assunto.
1. Existem tipos diferentes de autismo.
Verdade. De acordo com a psicóloga Ana Paula Ribeiro Hirakawa, que atua no Centro Especializado em Reabilitação (CER) IV M’Boi Mirim, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, há quatro tipos de déficits, que se diferem entre si, e englobam comunicação; interação social; repertório restrito; e comportamentos estereotipados e repetitivos. Além disso, o autismo também apresenta variações em níveis.
“Existem três níveis de gravidade dentro do espectro autista, dos quais serão avaliados os prejuízos na comunicação social e os padrões de comportamentos restritos e repetitivos, sendo eles: nível 3, exigindo apoio muito substancial, nível 2, exigindo apoio substancial e nível 1, exigindo apoio.”
2. Toda pessoa com TEA tem inteligência acima da média.
Mito. O autismo pode apresentar uma grande diversidade de sintomas e níveis. Assim, a profissional afirma que existem pessoas com TEA que têm habilidades direcionadas para algum assunto de interesse, mas não são todas.
3. É possível ser diagnosticado com autismo depois de adulto.
Verdade. Apesar dos sinais começarem a surgir nos primeiros anos de vida, a psicóloga explica que os sintomas podem não ser percebidos. “A pessoa com TEA pode se adaptar como qualquer outra, mas pode seguir apresentando dificuldades que interferem no seu dia a dia – por exemplo, nas relações sociais – porém que não foram investigadas e acompanhadas anteriormente”.
Segundo a profissional, o diagnóstico é clínico, ou seja, não existe um exame específico para detectá-lo, por isso, ele deve ser feito a partir da observação do paciente. Alguns sinais que podem indicar o transtorno são: atraso na fala, interesse compulsivo por determinados assuntos e dificuldades de socialização e participação de atividades em grupos.
“A observação clínica se mostra importante para o diagnóstico, em que se considera a singularidade e subjetividade de cada sujeito, lembrando que é preciso ter cuidado para classificações generalizadas e banalizadas, não é possível fazer um diagnóstico somente com um check-list obtido na internet”, alerta.
Ana ressalta, ainda, ser importante realizar uma investigação para excluir outros possíveis diagnósticos como avaliação auditiva e neurológica.
4. O tratamento para o autismo é multidisciplinar.
Verdade. O tratamento pode envolver diversos profissionais, como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outros.
A terapeuta ocupacional do CER IV M’Boi Mirim, Vivian Ogawa, enfatiza que na unidade são utilizadas diferentes estratégias para estimular o desenvolvimento, como horta terapêutica, atividades de cozinha, jogos e brincadeiras lúdicas.
“É sempre importante utilizar atividades de interesse e escolha do paciente, para uma maior vinculação terapêutica, protagonismo na atividade e melhor desempenho no processo terapêutico”, completa.
Vivian também destaca o papel da família no progresso do tratamento, praticando a inclusão e empoderando o indivíduo. “É essencial que a família insira o paciente em todas as atividades e rotina da casa, e nunca fazer por ele, mas sim auxiliá-lo a fazer e participar, mesmo que seja uma tarefa simples ou de forma adaptada.”
CER IV M’Boi Mirim
Com uma equipe multiprofissional, composta por fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, educador físico, assistente social e acompanhamento médico especializado (neurologista infantil e adulto, oftalmologista e otorrinolaringologista), o CER IV M'Boi Mirim oferece atendimento em reabilitação na região do Jardim Herculano, na zona sul de São Paulo.
Conforme a gerente da unidade, Suzi Simões, o CER realiza – em média – 2.300 procedimentos mensais para a especialidade de reabilitação e desenvolvimento, e acompanha 200 pessoas com diagnóstico de autismo.
A unidade possui uma estrutura completa e que possibilita o estímulo dos pacientes, com sala de recursos sensoriais, sala de realidade virtual e sala de Atividade de Vida Diária (AVD). Além disso, as abordagens terapêuticas são definidas considerando as especificidades de cada um.
“Realizamos atendimentos individuais e em grupos a partir do projeto terapêutico singular (PTS) construído pela equipe multiprofissional e família, de acordo com os objetivos e necessidades identificadas na avaliação”.
Há um ano, o pequeno Enzo Gabriel, de quatro anos, faz acompanhamento no CER IV M’Boi Mirim. A mãe Ana Lúcia Barbosa dos Santos conta que ver o desenvolvimento do filho é gratificante e agradece o carinho dos profissionais da unidade.
“Ele não falava nada, tinha medo de muitas pessoas e barulhos, e hoje ele se enturma com os colegas, divide brinquedos e fala várias palavras. Isso para mim é muito gratificante, fico muito feliz.”
Suzi lembra que o cuidado com a saúde da pessoa com TEA deve ser realizado de forma integral nos diversos ciclos de vida e reforça a humanização no atendimento prestado na unidade.
“Ressaltamos o engajamento da equipe técnica em sempre buscar a melhor forma de prestar a assistência adequada ao paciente com TEA, respeitando as diretrizes do município e auxiliando na construção de protocolos institucionais que contribuem na transformação da vida das famílias que possuem uma criança ou adolescente com TEA”, finaliza.
Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento
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