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29 de Abril de 2024

Entenda como “segurar o choro” pode afetar a saúde mental

Chorar é uma das manifestações humanas que transcende culturas e épocas. A linguagem emocional considerada universal permite às pessoas expressarem uma ampla gama de sentimentos, desde tristeza até um alto pico de felicidade.

Mas, apesar da sua importância na hora de colocar fortes sentimentos para fora, ainda existe uma certa pressão social em torno do ato, fazendo com que muitas pessoas não se permitam vivenciá-lo plenamente.

Não à toa, desde a infância, é comum ouvir frases como “engole o choro”. Essa afirmação, entre outras, pode internalizar a ideia de que expressar emoções é inaceitável, sinal de fraqueza ou até mesmo vergonhoso.

De acordo com a psicossomática, ciência que estuda os efeitos psicológicos a partir dos processos orgânicos do corpo, “segurar” o choro pode acarretar consequências bastante negativas tanto para o organismo como para o bem-estar.

“A saúde é um estado de equilíbrio entre o corpo e a mente. Quando as emoções são reprimidas e o choro é evitado, o corpo reage de forma negativa, porque algo está em desarmonia”, afirma Vania Bastos, psicóloga da UBS Jardim Herculano, gerenciada pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Alguns dos sintomas mais comuns que o corpo pode sentir ao reprimir emoções são esgotamento afetivo, instabilidade do humor, estresse acumulado, alteração da pressão arterial, problemas digestivos e, em casos mais graves, potencialização de distúrbios mentais, como ansiedade, estresse e depressão.

Porém, cada indivíduo é único, e o processo de somatização é uma experiência individual, podendo manifestar-se a curto ou longo prazo, dependendo das circunstâncias pessoais.

E, no meio disso tudo, os homens são os mais afetados. O tabu que existe em torno do assunto, principalmente por conta da pressão social sobre o masculino, enfatiza a ideia de que eles devem ser fortes e controlados emocionalmente, evitando expressar qualquer tipo de vulnerabilidade.

“Nesses casos, uma boa estratégia é buscar compreender limites emocionais e se permitir romper padrões de comportamento obsoletos, que não fazem mais sentido. Seja homem, mulher, criança, idoso, se deu vontade de chorar, é preciso vivenciar esse momento de forma genuína”, enfatiza a profissional.

Ainda segundo a psicóloga, o autoconhecimento é o principal caminho a ser traçado para desconstruir toda essa visão negativa. “Algumas práticas como meditação, sessões de terapia, práticas corporais e atividades físicas ao ar livre podem ajudar a evoluir o corpo e a mente, resultando na construção de uma boa saúde mental”, ressalta.

Linha de cuidados de saúde mental

Independentemente de idade ou gênero, pessoas que têm dificuldades em expressar sentimentos podem buscar ajuda gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com foco na saúde mental dos pacientes, algumas das unidades de saúde gerenciadas pelo CEJAM oferecem qualidade e atenção assistencial por meio de uma Linha de Cuidado dedicada exclusivamente ao tema.

A partir dela, profissionais de saúde desenvolvem estratégias, a fim de otimizar o acompanhamento em saúde mental da população. A equipe é multidisciplinar e, a depender da unidade, conta com profissionais como médicos, enfermeiros, psicólogos, educadores físicos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, entre outros, que trabalham em sintonia, de acordo com cada caso individual.

“O choro é compreendido como um dos mecanismos de equilíbrio para liberar possíveis excessos causados pelas situações conflituosas que enfrentamos ao longo de nossas vidas. O cuidado em saúde mental busca facilitar o processo de utilização e desenvolvimento de recursos pessoais, tão essenciais dentro dessa dinâmica emocional”, explica Maria Carolina de Raphael Nogueira, gerente do CAPS AD III Jardim ngela, um dos serviços de saúde mental que compõe a Atenção Especializada do SUS, na zona Sul de São Paulo.

Outras ferramentas utilizadas para o cuidado da saúde mental são as Práticas Integrativas Complementares (PICs), que são intervenções também desenvolvidas por diversas categorias profissionais de saúde. Os atendimentos ocorrem através de práticas como auriculoterapia, caminhada, alongamento, trabalho com horta, culinária, aromaterapia, dança circular, meditação/mindfulness, musicoterapia, reflexoterapia, reiki, shantala, yoga, tai chi pai lin, entre outras.

Mais informações sobre os serviços prestados podem ser adquiridas na sua Unidade Básica de Saúde de referência.

Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento

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