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17 de Agosto de 2016
Com as novas regras de renda associadas à análise da vulnerabilidade social, dentro de uma fórmula mais justa do ponto de vista social, o governo acredita que o acesso ao BPC por determinações judiciais, muitas vezes consideradas equivocadas, ficará mais criterioso. Em 2014, 16,88% das 344,8 mil novas concessões foram por ordem da Justiça. Esse índice chegou a 18,66% em 2015, quando 278,9 mil pessoas obtiveram o auxílio pela primeira vez, com estimativa que chegue a 20% em 2016.
— A confecção de um critério mais justo trará mais pessoas que realmente precisam do benefício, pois deixará de ser um cálculo meramente matemático, que exclui, muitas vezes, famílias visivelmente carentes — disse Alberto Beltrame, secretário-executivo do MDSA. — Por outro lado, a perícia revisional poderá reverter muitas concessões, sobretudo de deficientes que conseguiram voltar a ser produtivos nos últimos anos. No caso dos idosos, a reversibilidade é menos provável.
A defasagem do limite de renda para ter direito ao BPC já foi tema de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou inconstitucional o critério de um quarto do salário mínimo, em 2013, presente na Lei Orgânica da Assistência Social. Apesar da decisão, não foram criadas novas regras, permanecendo até hoje o teto apontado como desatualizado para indicar a situação de miséria do candidato ao benefício.
O governo ainda não tem previsão de quando começará a fiscalização no BPC, ao contrário da revisão nos auxílios-doença e na aposentadoria por invalidez, que já tiveram as regras publicadas no Diário Oficial da União para ser iniciada ainda este ano. Nos dois casos, uma força-tarefa será montada para periciar 1,6 milhão de beneficiários que há mais de dois anos não passam por qualquer fiscalização do INSS.
No caso do BPC, a única medida de controle vigente é a inclusão dos beneficiários no Cadastro Único, a base de dados da Assistência Social no Brasil, que reúne informações de todas as famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo, independentemente da participação delas em algum programa governamental. O sistema é a principal ferramenta para formulação e execução das políticas públicas do setor na esfera federal.
Além de alterar o limite de renda e introduzir variáveis sociais nos critérios de elegibilidade do BPC, o governo quer descentralizar a concessão do benefício em Centros de Assistência Social (CRAS), devido à capilaridade do serviço. Segundo dados do MDSA, somente cerca de 30 municípios no país não contam com esses centros de referência.
Pelo projeto em desenvolvimento, o pedido inicial do auxílio poderá ser feito nos CRAS, que teriam acesso a sistemas disponibilizados pelo Dataprev para checar dados iniciais como a renda do cidadão ou acesso ao mercado de trabalho. A perícia médica continuaria com o INSS. As negociações, porém, ainda estão em curso para montar a estrutura imaginada pela nova gestão da área social.
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Fonte: O Globo
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