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Radar CEJAM

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21 de Fevereiro de 2022

Projeto do CEJAM auxilia no combate à dependência química com drinks sem álcool e práticas terapêuticas

Farmacêutico Paulo desenvolve drinks sem álcool para auxiliar pacientes no enfrentamento do alcoolismo

Não é novidade que a bebida alcóolica pode levar à dependência química e estimular o uso de outras drogas. Antes visto como desinibidor social, o consumo do álcool passou a ser considerado como alento e companheiro da quarentena, com o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), vinculado à Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), indica que 55% da população brasileira tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas, sendo que 17,2% dela declarou aumento no consumo durante a pandemia, associado a quadros de ansiedade graves por conta do isolamento social.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, cerca de 3 milhões de pessoas morrem em decorrência do uso nocivo do álcool, causador direto de mais de 200 doenças e inúmeros acidentes. O dado equivale a 5,3% das mortes em todo o mundo.

Em meio a esse problema de saúde pública, o farmacêutico Paulo Rogério Gomes Santos, do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) III Jd. Ângela, gerenciado pelo CEJAM, desenvolveu, em julho de 2020, o projeto “Barmácia – brinde à boa ideia”, para auxiliar pacientes no enfrentamento do alcoolismo.

“O ‘Barmácia’ consiste em atividades terapêuticas práticas, com formato interativo, lúdico e degustativo, nas quais aplicamos e apresentamos inúmeras possibilidades de drinks sem álcool, auxiliadas a técnicas de farmácia”, explica.

Segundo o farmacêutico, o projeto é realizado mensalmente e tem duração de uma hora e meia, com grupos fechados de pacientes do CAPS que estão em tratamento contra a dependência química. Os encontros seguem todas as medidas sanitárias de segurança para evitar a disseminação da Covid-19.

Paulo ressalta que o menu de coquetéis é catalogado antecipadamente, com base em uma pesquisa prévia de sugestões de sabores, realizada com os usuários. Todo o trabalho acontece sem perder o objetivo terapêutico proposto no projeto.

“Trata-se de uma união proposital do clima descontraído do bar com a racionalidade terapêutica da farmácia. Os drinks recebem nomes associativos aos medicamentos ou às ações pertinentes ao dia a dia dos participantes”, detalha.

O projeto “Barmácia” também realiza ações em espaços livres, decorados com a temática “ilha bar”, e conta com instrumentos como coqueteleira, colher bailarina, copo dosador, acondicionador térmico de gelo, canudos e taças, tudo para garantir o clima de festa. No entanto, no lugar das bebidas alcoólicas, os coquetéis recebem frutas e sucos naturais, misturados com refrigerantes ou águas gaseificadas, por exemplo.

Apoio no combate à dependência química

A ideia, que surgiu por causa de um hobby do farmacêutico em criar drinks em casa, em momentos de lazer com a família, acabou se tornando um projeto que hoje envolve a equipe multidisciplinar do CAPS AD III Jd. Ângela, a fim de ajudar pessoas que sofrem com a dependência química.

De acordo com Paulo, frequentemente, são realizadas consultas para escutas individuais e coletivas, além de pesquisas, nas quais são colhidos depoimentos de participantes. Neles, os profissionais puderam notar a significativa melhora na evolução terapêutica dos pacientes, com redução da quantidade de casos de interações álcool x medicamentos e/ou recaídas etílicas durante o período de tratamento.

Mais de 300 pessoas já foram beneficiadas pelo projeto, que teve a sua importância reconhecida pela Prefeitura de São Paulo na 3ª edição do prêmio “Gente que faz a diferença”, desenvolvido pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), do qual foi vencedor na categoria “Atenção integral aos usuários”. Além disso, Paulo recebeu o 7º Prêmio Dr. João Amorim, concedido pelo CEJAM em 2021.

“É muito gratificante poder trabalhar com o que eu gosto, ofertando o meu melhor em conhecimento e dedicação, e ser útil para a recuperação de pessoas, que, muitas vezes, sofrem discriminação e preconceitos por sua dependência química ou saúde mental instaurada”, destaca.

No Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, celebrado no último domingo (20), o farmacêutico alerta para a importância de campanhas que auxiliem na redução do problema.

Paulo afirma que já se considera vitorioso pelos feitos adquiridos por seu projeto até o momento, desejando ampliá-lo ainda mais. “O ‘Barmácia’ produz uma importante ressignificação do álcool, evidenciando a possibilidade de socialização, seja familiar, profissional ou em outros ambientes, sem o consumo da bebida alcóolica. E, ainda assim, proporcionando experiências divertidas e saborosas”, finaliza.

Fonte: Imprensa, Criação & Marketing

CAPS III AD - Jardim Ângela Saúde

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