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23 de Agosto de 2016
A Convenção das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência define em seu artigo 1º: (Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas).
Em Mato Grosso do Sul, pessoas como Rosa Cristina dos Santos Dalmazo, de 36 anos, Geraldo Júnior Duarte Brites Cabreira, de 23 anos, e Victor do Nascimento Teixeira, de 19 anos, estão lutando para superar as barreiras mencionadas pela ONU, e assegurar uma participação plena na sociedade. Para os três, o ensino superior é um marco nesta trajetória.
Rosa, ou simplesmente Rosinha, como é carinhosamente chamada por todos no Centro Especializado em Reabilitação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Cer/Apae), em Campo Grande, onde trabalha há mais de dez anos, não somente atingiu esse marco, como o superou. Ela é graduada em Pedagogia, pela Uniderp, de Campo Grande, e tem pós-graduação em Psicopedagogia, pelo instituto de ensino Libera Limes.
Ela tem uma síndrome que não pode ser diagnosticada pelos médicos e que causa hipotonia muscular, ou seja, a diminuição do tônus muscular e da força, além de um grau de miopia muito alto. Os problemas, segundo ela, atrasaram sua entrada na escola, ainda em Tupã, no interior de São Paulo, mas nunca impediram que depois tivesse um bom desempenho escolar.
(Demorei para entrar na escola porque tive dificuldades para andar. Tinha os pés tortos e caia muito. Não podia correr. Além disso, aos seis anos já tinha seis graus de miopia. Via meus irmãos indo para a escola e sentia muita falta de estudar, tanto que quando entrei na escola [um colégio convencional], me esforçava muito. A visão sempre foi o maior problema. Tinha dificuldades para copiar as matérias do quadro, por isso, sempre sentava na frente e prestava muita atenção na explicação do professor), lembra, completando que graças a esse empenho sempre foi a primeira ou esteve entre as primeiras da turma.
Com 15 anos, Rosa e a família deixaram o interior de São Paulo e vieram para Campo Grande, onde também em uma escola convencional ela cursou o ensino médio. (As dificuldades foram grandes. Faltava desde material diferenciado, pessoal capacitado até estrutura na escola, mas eu não desanimava, sempre buscava vencer a limitação), afirma.
Concluído o ensino médio, ela fez o vestibular e passou para o curso de Administração, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mas um descolamento de retina a fez interromper o sonho de fazer faculdade. (Fiquei um bom tempo sem poder usar óculos e não tinha como estudar, tive que abrir mão do curso), relembra.
Recuperada, resolveu fazer um novo vestibular, desta vez para um outro curso, o de Pedagogia, em uma universidade privada de Campo Grande, a Uniderp. (Me interessei pela área. Sabia que não poderia dar aula, mas poderia trabalhar na parte administrativa de uma escola), revela, recordando que mesmo com o curso sendo semipresencial, as barreiras para concluí-lo foram grandes.
(Tinha aulas presenciais duas vezes na semana e as dificuldades que tive nos outros níveis de ensino aumentaram, porque a qualidade da minha visão foi piorando. Os slides das matérias e os vídeos que eram apresentados, tinha muita dificuldade em ver, por isso, redobrava a atenção nas explicações. Foi difícil, mas não pensava que não ia conseguir, pensava em ir além, fazer pós-graduação. Sempre tive um foco e uma meta, desde pequena fui assim. Acho que o fato de não terem diagnosticado a síndrome que eu tenho acabou me ajudando. Como não sabiam ao certo o que tinha, não me falaram que eu tinha isso ou aquilo de limitação e aí fui seguindo em frente. Terminei a faculdade. Sou a única pessoa da minha família que tem ensino superior e depois fiz a tão sonhada pós-graduação), comenta.
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O trabalho na Apae, conforme ela, começou mais ou menos na mesma época da faculdade e como voluntaria, para ajudar a organizar as pastas com as evoluções dos pacientes atendidos pela instituição. Em uma semana ela conseguiu colocar fim a um atraso de mais de três semanas nas anotações dos profissionais. Após um ano e meio de dedicação a instituição, Rosa foi contratada como colaboradora e hoje é a responsável pelo arquivo da entidade, onde estão milhares de pastas com os prontuários de todos os pacientes.
Em razão do agravamento dos problemas de visão, Rosa implementou algumas mudanças no setor. Por exemplo, as ficha de identificação das pastas que antes eram preenchidas a mão, atualmente são todas digitadas e com uma fonte grande, o que facilita sua visão. Além disso os tipos e cores de pastas foram padronizados. Em relação ao futuro, ela revela que o sonho é voltar a estudar, mas desta vez com um objetivo diferente, para um concurso público.
Rosa conseguiu com muito esforço e empenho terminar sua faculdade e fazer ainda uma pós-graduação. Entretanto, no contexto da pessoa com deficiência no Brasil ela representa uma minoria. De acordo com os dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre as pessoas com deficiência com mais de 15 anos no país, 61,13% não têm instrução ou têm somente o ensino fundamental completo. Outros 14,15% têm ensino fundamental completo ou médio incompleto, 17,67% têm ensino médio completo ou superior completo e apenas 6,66% concluíram um curso superior.
O Brasil, ainda conforme o último Censo, tinha em 2010, 45.606.048 pessoas com deficiência, o que representava 23,9% da população. Desse total, 525.979 eram moradores de Mato Grosso do Sul, o equivalente a 21,47% dos habitantes do estado na época.
No estado, se Rosa já conseguiu realizar o sonho de concluir uma faculdade, Geraldo está no caminho. Ele nasceu em Bela Vista, a 324 quilômetros de Campo Grande e na hora do seu parto houve um problema. Faltou oxigênio para o seu cérebro, o que provocou uma paralisia cerebral. (Os médicos na época, chegaram a dizer para meus pais que eu teria apenas 72 horas de vida. Mas eu contrariei as previsões e estou aqui), comenta o jovem. Em razão da paralisia, ele tem problemas neurológicos, dificuldades motoras e para falar e depende de uma cadeira de rodas para se movimentar.
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Fonte: G1.com
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